No dia 15 de
fevereiro de 1931, irmã Amália fez companhia para Jesus no Sacrário. Ele
ensinou-a como orar, para que, através de Nossa Senhora das Lágrimas, o sangue
de Jesus fosse oferecido para o perdão dos pecados. Disse, também, que quando
irmã Amália tivesse partido desta vida terrena, ficaria no Céu trabalhando para
a salvação das almas. Então... oremos pedindo ajuda dela.
(...)
Eu te convido nestes
dias a retirar-te comigo à solidão da prisão, onde nós dois sozinhos, vamos
fazer uma grandiosa obra: Ofertar ao Pai, por esses infelizes filhos
que muito amo, o quanto Eu sofri na prisão, e na flagelação. Não vejas
nestes dias outra coisa a não ser teu Jesus e Jesus Flagelado, coroado de
espinhos, a derramar sangue e tua alma genuflexa a ofertar-me o quanto Eu
sofri, para que Eu possa entregar á minha Mãe, dizendo-lhe: Mãe do Belo
Amor, entrega a meu Pai o meu sangue, os meus sofrimentos pelos infelizes
pecadores. Este vae ser o nosso trabalho: tu a me ofertares
meu sangue e Eu vou entrega-lo à minha Mãe, para que Ela o possa depositar
diante o Pai, afim de receber o perdão para os culpados
(...)
Si Eu te peço
reparação, não é porque Eu tenha necessidade de consolação, mas é porque os
pecadores precisam ser indenizados; tudo é em favor dos pobres
pecadores... Eu sou a própria felicidade, Eu não preciso das criaturas
para ser feliz... se te digo que me consoles é em favor dos pobres pecadores,
porque meu Coração deseja dar-lhes em abundancia. Sofro nos meus membros, que
são os corações que Eu escolho para continuar a minha paixão, enquanto houver
um pecador a salvar. Eu não posso mais sofrer, mas sofrem os meus
escolhidos. Quanto mais pecados os homens cometerem, mais as almas
queridas na minha Igreja militante têm de sofrer, para com seus sofrimentos
indenizarem, ante o Pai, seus crimes, porque o pecador merece ser
odiado por Deus; porém, quando a Igreja se levanta e pede Misericórdia, o
pecador não é castigado, merece então o perdão, fica sua causa adiada e neste
intervalo o pecador terá a ventura de se converter. Eis porque a reparação é
tão salutar! O pecador por si só jamais se converteria, porém, com a petição de
tantas almas, que na minha querida Igreja tenho para impetrar “Misericórdia”,
ele merece o perdão.
Vede como minha
“Misericórdia é infinita” em favor dos que me ofendem. Eu podia salvar
os homens sem a vossa cooperação, porém, a minha Misericórdia quis vos
escolher, para que vós possais ter no Céu um grão de glória maior,
trabalhando para a salvação de vossos irmãos. Fiz o homem cooperador
nesta grande obra da salvação das almas; sim, foi infinita a minha caridade
para que no Céu possais mais brilhar.
No dia 17 de fevereiro de 1931, Amália escreveu uma conversa entre Nossa
Senhora e um seminarista, visualizada no Reino da Misericórdia.
(...)
Meu querido filho, não queres ser um grande convertedor de corações?
Não queres possuir este grande dom da persuasão? De certo que desejas; então
vou te contar onde encontrarás este dom preciosíssimo: Sê devoto, meu
Filho, das Chagas de Jesus e de sua dolorosíssima Paixão, que é o grande
segredo pelo qual levarás as almas a Jesus; faze a tua morada nas Chagas
benditas de meu querido Filho, ah! então serás grande convertedor de corações.
(...)

Precisamos
entender que há vários anos Jesus visitava religiosas para que
mostrassem ao mundo, o poder da Misericórdia Divina. Elas eram agraciadas com
experiências místicas, como aconteceu com a italiana, irmã Benigna Consolata
(1885-1916) chegou a ser chamada pelo próprio Jesus de “Secretária da Minha
Misericórdia”. A espanhola, irmã Maria Josefa Menendez (1890-1923) ouvira de
Jesus: “Quero me servir de ti como instrumento de minha Misericórdia.” Em 1930
a espanhola madre Esperança (1895-1983) fundou em Madrid, as “Servas do Amor
Misericordioso”.
Dentre elas, a jovem Faustina Kowalska, foi agraciada com locuções interiores e
visões místicas.
No dia 12 de fevereiro de 1931, o
papa Pio XI, na primeira radio-mensagem de um sumo pontífice aos povos de todos
os países, expressou sua solidariedade com os perseguidos pelos inimigos de
Deus e da sociedade humana, referindo-se aos regimes totalitários marxistas.
Dez dias depois, irmã Faustina Kowalska, teve uma visão de Jesus: “Vi Nosso
Senhor vestido de branco. Uma das mãos erguida para abençoar, e a outra
tocava-Lhe a túnica, sobre o peito. Da túnica entreaberta sobre o peito saíam
dois grandes raios, um vermelho e o outro pálido.” Logo depois, Jesus me disse:
“Pinta uma Imagem de acordo com o modelo que
estás vendo, com a inscrição: Jesus, eu confio em Vós. Desejo que essa Imagem
seja venerada primeiramente na vossa capela e depois no mundo inteiro. Prometo
que a alma que venerar essa Imagem não perecerá. Prometo também, já aqui na
terra, a vitória sobre os inimigos, e especialmente na hora da morte. Eu mesmo
a defenderei como Minha própria glória.”[2]
Ao fazer essa revelação, Jesus definiu
para irmã Faustina uma missão... a de viver e sofrer pelos outros. Ele alertou:
“Dize à humanidade sofredora que se aconchegue no Meu misericordioso Coração, e
Eu a encherei de paz.”[3] Inclusive, disse que muitos
pecadores têm medo de se aproximar deste “trono da graça” para serem curados de
seu ódio, indiferença e toda maldade!
Incrível como naquele ano de 1931, nas
mesmas épocas, irmã Faustina Kowalska e irmã Amália Aguirre,
recebiam mensagens de Jesus a respeito da Misericórdia Divina. E as duas se
dispuseram a sofrer para que a Misericórdia de Jesus acontecesse no mundo
inteiro.
Depois de fevereiro continuaram as
mensagens. Em março do mesmo ano, irmã Amália de Jesus Flagelado
estava em oração diante do Santíssimo Sacramento, pedindo perdão pelos
pecados:
(...)
Dizei-me, óh!
Jesus Misericordioso, o que devo fazer para realizar este Vosso desejo de aliar
minha tão pequenina vontade á vossa Infinita Misericórdia? Falai,
Senhor, porque tenho sede da vossa Palavra divina.”
Jesus falou
para ela sobre as três condições para recebermos a Misericórdia Divina. Ele
explicou os prodígios da Misericórdia e, mostrou a mansidão da compaixão de
Deus Pai, para com o ser humano.
“Alma que me escutas, ouve com
atenção a minha palavra de Misericórdia.
A Justiça divina tinha de exterminar o homem da face
da terra e precipitá-lo no lugar por ele mesmo criado;
porque foi o pecado o autor do desespero e do suplício eterno. O homem foi criado
por mim, não para o inferno; mas, sim, para
a Pátria Celeste, para gozar da minha própria felicidade. Esta criatura,
porém, criada por amor, deu ouvidos ao mal e no seu
coração entrou a iniquidade!
Agora, alma que me escutas, reflete bem no que te vou dizer. A
minha “Infinita Misericórdia” vendo este amor espezinhado e injuriado pelo mal
no coração do homem, criado por amor, o que fez?
Óh! prodígio!! Óh! maravilha!! Desceu á Terra para conciliar a justiça com a Misericórdia; e esta infinita Misericórdia cobre-se
com um corpo igual ao do homem, ‘exceto pelo pecado’.
E no seio de uma
Virgem puríssima, o amor deu-me um corpo no qual ia sofrer as consequências do pecado; coberto com a capa dos pecadores ia sofrer os rigores da Divina Justiça ofendida!
Vê que não é
pela Justiça que foste resgatada; mas, sim, pela divina e Infinita Misericórdia. Agora que te fiz conhecer
que não foi a justiça; mas sim, a Misericórdia que te
salvou; o que deves fazer para cooperar e aliar-te a ela?
A primeira
condição, para cooperar com a minha Misericórdia é vir a mim, sem medo e sem
temor. Se Eu sou tão pródigo que desci á Terra,
tomando sobre mim todas as vossas iniquidades, porque motivo vir a mim com
temor?
A segunda condição para comigo cooperar é reconhecer-me como Pai de infinita caridade, pronto a tudo
perdoar, sempre que o coração se disponha á emenda. Tenho sede de
fazer o bem, e corações há que neles querem aniquilar-me! Se criei o homem do
nada, não posso de um grande pecador fazer um grande santo?
Sim, a minha infinita Misericórdia
tudo pode. Vede tantos astros luminosos na
minha Igreja, que de grandes pecadores tornaram-se grandes santos. E
por que Eu vos pergunto? Porque cooperaram comigo na minha infinita caridade!
Existe um erro gravíssimo
em muitos filhos meus. Dizem estes: Eu
não posso ser grande santo, nem aspirar a tal, porque na vida passada cometi muitos pecados; os que devem ser santos, desde meninos já o são. Óh! cegueira do homem que assim
fala! O que assim fala, quer aniquilar-me e limitar minha infinita caridade! Ah! em verdade vos declaro, não há pecador
que não possa ser um grande santo!
Os pecados
passados, para uma alma arrependida, não são obstáculo para ser santa; mas sim,
fontes de humildade e fontes de reconhecimento, lembrando-lhe que Eu usei para com ela de Misericórdia, descendo até ela, lavando-a com o meu Sangue Divino
e purificando-a com o meu amor.
Ninguém diga que
não pôde ser um grande santo, porque cometeu muitas faltas, na vida passada
foi impuro e manchou sua honra com os pecados os mais vergonhosos! Ah! não, a
nenhum mortal é permitido assim falar; uma só cousa é necessária, para se
santificar, é boa vontade, sem a qual o homem não pôde se salvar; porém, o homem que tem boa vontade não deve temer,
nem duvidar de sua salvação e também de sua santificação. Eu desci para os homens de boa
vontade, e quais são eles? Os que ouvem a minha palavra e a põem em prática,
os que praticam a minha lei e os meus conselhos. Uns se contentam de observar
a lei, porém outros aspiram mais alto e praticam esta lei com perfeição nas
pequeninas cousas. Estes serão chamados, na casa de meu Pai, de servos
fiéis, que souberam aproveitar das pequeninas cousas para vir a mim. Nesta segunda
condição ficou dito, que, para cooperar
com a minha Infinita Misericórdia, é necessário reconhecer-me como Pai
misericordioso, pronto a perdoar é fazer
de um grande pecador um herói de virtude.
A terceira condição para aliar-se á minha Misericórdia é usar de Misericórdia, primeiramente consigo,
depois com o seu próximo. Como uma alma pôde usar de Misericórdia para consigo, se ela é tão
desprovida desta Misericórdia e se no seu coração só existe a inclinação para
o mal? Onde buscar esta Misericórdia? Ah! Eu vos digo, no Coração de Maria; Ela vos mostrará o meu amável
Coração e vos dirá: Vinde e vamos á
fonte inesgotável, vamos sem demora a Jesus. Por que temer? O Coração de meu
Filho está aberto para vos receber e, não com pesar, mas, sim, com alegria.
Jesus não recebe seus filhos com pesar, mas com grande regozijo! Por que temer,
alma querida, vede, a Misericórdia de Jesus vos abraça e indeniza vossa causa!
Por esta falta Jesus já sofreu, só vos resta agora apresentar-vos a Ele com humildade e confiança, e,
quanto maior for a vossa confiança mais bela será a vossa purificação. Sim, almas que me escutas é Maria que vos mostrará melhor o quanto Eu sou misericordioso e como deveis usar primeiramente de Misericórdia com
vossa alma, para depois usá-la com os outros.
Como usareis de Misericórdia com o próximo
senão para aliar-vos á minha Misericórdia? A medida daquela,
será a medida da vossa união comigo, será por
esta medida que vós
recebereis a minha Misericórdia.
(...)
Misericórdia e sempre Misericórdia,
quer dizer, perdoar e perdoar sempre, consolar e consolar sempre aos aflitos, morrer, se preciso for, para salvar uma só alma; esta é a caridade, a Misericórdia
que vim trazer ao mundo. Salvar almas, ó nobreza! Esta é verdadeira caridade! Pouco valeria ou
aproveitaria a um homem que fosse imensamente caridoso, se não trabalhasse, na
essência da mesma caridade, que consiste em
salvar almas; e para salva-las e cativa-las,
a alma, que Me ama, serve-se de todos os meios ao seu alcance.
Sim, almas venturosas, ao mundo dei a conhecer a minha
infinita Misericórdia. Que bela, que formosa é esta Misericórdia, sem
a qual o homem tornar-se-ia insuportável a si próprio; porque o homem, que não possui o conhecimento
da minha Misericórdia, vive em contínuo martírio; pois, ele mesmo é seu algoz!
Óh! almas que me ouvis, mergulhai-vos nesta Infinita Misericórdia, não olheis para vossos pecados; mas, sim, pela minha Misericórdia, que tanto deseja ver-vos reconhecidos aos seus efeitos benéficos. Óh! todos, que no passado fostes
infiéis, não temais, podeis ser santos e grandes santos se compreenderdes na minha Infinita Misericórdia.
Não vos deixeis
levar pelos artifícios do inimigo que vos diz: Tu não podes aspirar a grandes coisas, porque és um grande pecador ou o foste no passado! Ah! não ofendais minha Misericórdia, dando ouvidos a tal tentação!
Todos vós pecadores e não pecadores, podeis ser grandes, porque grande é minha Misericórdia, que deseja
ver-vos a todos felizes, e, ao meu lado para cantar o hino belíssimo da Divina Misericórdia!
Tende boa
vontade e atirai-vos nos braços amorosos de Maria, que Ella é Mãe, e como tal vos conduz
ao meu Coração infinitamente Misericordioso,
onde Ela vos fechará
[guardará] para sempre. Sede todos de Maria que Ela é vosso tesouro.
Jesus, Pai de Misericórdia, do
Tabernáculo Santo.”
Na
mesma época, Jesus disse à irmã Faustina, na Polônia, mensagens a respeito da Divina
Misericórdia onde convidou o mundo inteiro a conhecer essa Sua forma de Amor.
Ele também se queixou: “a falta de
confiança das almas dilacera-Me as entranhas. Dói-Me ainda mais a desconfiança
da alma escolhida. Apesar do Meu amor inesgotável – não acreditam em mim, mesmo
a minha morte não lhes é suficiente.”
Igual a mensagem à Amália, onde disse que é preciso ter confiança no Seu
coração infinitamente Misericordioso.