sexta-feira, 5 de março de 2021

MADRE MARIA VILLAC

 

               MADRE MARIA VILLAC

 
 
No dia 26 de fevereiro de 2021 comemoramos o aniversário natalício de Maria Villac, filha mais velha de Joaquim Villac e Lúcia Isnard Villac, nasceu há 127 anos (1894), em Campinas. Foi batizada na Matriz de Santa Cruz, hoje Basílica do Carmo, em maio, dia 16, do mesmo ano.
Ela era muito ligada a sua avó paterna, Marie-Louise Broisa Villac, tanto que, com apenas seis anos de idade, no ano santo de 1900, viajou com sua avó para Roma. Quando jovem, Maria Villac cuidou de sua avó com dedicação e carinho. Aos 20 anos de idade, era de seu desejo ir para a Bélgica e pertencer a uma Ordem Religiosa, onde a irmã caçula de sua mãe, tia Hèlene Isnard, era freira. Por causa da Grande Guerra, ela não pode seguir viagem. Sua vocação de servir a Jesus a levou a juntar-se com um grupo de amigas na procura de intensa vida espiritual, desenvolvendo um apostolado samaritano e catequético. Essas jovens, que se conheceram durante a missa, depois, se reuniam para conversar sobre o viver cristão, sempre incentivadas por Maria Villac. Marcavam encontros bíblicos, conversavam e a religiosidade delas foi crescendo, o Espírito Santo se manifestou entre elas.
A jovem Maria Villac tinha muito carisma e disposição para ser uma religiosa. O número de jovens nesses encontros cresceu, o compromisso se tornou mais forte. Maria Villac passou às amigas sua devoção a Jesus Crucificado.
Dom Francisco de Campos Barreto, campineiro, foi ordenado bispo de Campinas pelo papa Bento XV e tomou posse no dia 14 de novembro de 1920. A Diocese de Campinas teve como seu segundo bispo, um conde campineiro. Dom Barreto conheceu Maria Villac e se tornaram amigos. Deus os aproximou e o sonho de Villac em ser freira começou a ter uma nova dimensão.
Em 1922, esse grupo de mulheres católicas, além das orações em grupo, teve como meta catequizar os menos favorecidos socialmente em Campinas. A grande epidemia "Influenza" (1918-1920) deixou muitos órfãos e viúvas, além de dobrar o número da pobreza em todo país. A caridade é uma vertente do amor. Esse amor estava intrínseco à Maria Villac que, ansiava por viver uma vida religiosa consagrada. Ela e suas amigas traçavam linhas vocacionais, como missionárias ansiavam por uma vida religiosa reconhecida dentro da Igreja Católica. Maria Villac, de acordo com as instruções do bispo de Campinas, redigiu um estatuto para começar uma nova ordem religiosa. Dom Barreto deixou escrito: “Tomando conhecimento da vida piedosa das Missionárias, abençoei as mesmas e os seus propósitos exteriores, embora muito reduzidos. Foi nessa altura que conhecendo melhor as possibilidades da piedade e do zelo das missionárias, que lhes propus, através da jovem Maria Villac, alargarem mais o campo de sua atividade religiosa mandando que constituíssem uma associação convenientemente organizada [...]. Isso tudo com mais franqueza do que antes, conforme os pequenos estatutos, que aprovei aos vinte e oito de abril de mil novecentos e vinte e quatro [...]."
Maria Villac e as jovens continuaram a atuar junto à Igreja de Campinas, especialmente, catequizando os pobres, nos bairros da periferia da cidade. Era preciso um regulamento, o qual durante meses e meses, escreveram, sempre em oração, pedindo a ação do Espírito Santo. O documento final foi entregue a dom Barreto. A data registrada nesse novo regulamento é 22 de dezembro de 1925.
Dali a dois anos, no dia 29 de setembro de 1927, aconteceu a fundação do Instituto das Missionárias, no dia da celebração de São Miguel Arcanjo. Com a promessa de garantir a vida do Instituto, dom Barreto convidou Maria Villac para ser a primeira missionária e deu-lhe a benção de convidar e integrar as primeiras mulheres para serem membros do Instituto.
Era o começo de tudo. Ela conseguiu a adesão de três jovens que almejavam vida religiosa. E, nada mais plausível para o nascimento de uma nova instituição religiosa, do que o dia do nascimento de Jesus. Por isso, dom Barreto, em sua capela particular, consagrou o Instituto ao Menino Jesus, no dia 25 de dezembro de 1927.
A pedra fundamental foi colocada, as quatro primeiras missionárias foram consagradas, era preciso então, pedir a autorização da Santa Sé. Dom Barreto informou ao papa que a nova congregação receberia o nome de Missionárias de Jesus Crucificado: “mandei pedir ao Santo Padre o seu "Placet" para a fundação do Instituto, de acordo com o Canon 492, o que consegui pelo escrito de vinte e seis de março de mil novecentos e vinte e oito, sob o título de Jesus Crucificado.”
Maria Villac norteava o grupo de mulheres para viver em comunidade. Mas, precisavam de um lugar físico, de uma casa onde pudessem ficar juntas. Em socorro às jovens, que desejavam se tornar missionárias, a família de Maria Villac doou parte de sua residência, o antigo Hotel d’Europe, para ser a Casa Mãe da Congregação. Esse lugar ficou definido como Casa Mãe; onde essas piedosas mulheres iniciariam uma vida comunitária, para meditar a Paixão de Jesus Crucificado, para orar, para exercer a caridade aos mais necessitados, e principalmente, dar estudos às crianças.
Maria Villac, Amália Aguirre Queija e mais seis piedosas amigas, iniciaram vida comunitária na Casa Mãe, como postulantes e noviças. Para Maria Villac era uma bênção divina poder conviver em uma comunidade estritamente religiosa.
Dia de muita alegria para as sete postulantes e para Maria Villac, que iniciaram vida comunitária no Instituto Missionárias de Jesus Crucificado. Era o primeiro passo para trilharem o caminho da santidade.
Realmente, Madre Maria Villac, foi a precursora da santidade no Instituto. Ela possuía a Espiritualidade vinculada à Ação Missionária: Contemplação na Ação.
O Instituto foi aprovado pela Santa Sé. Então, no dia 03 de maio de 1928, dia da festa da Santa Cruz, dom Francisco de Campos Barreto, solenemente fez a fundação do Instituto Missionário Jesus Crucificado. E, no dia 11 de maio, do mesmo ano, houve a Tomada de Hábito das primeiras noviças. A cerimônia foi na catedral de Campinas, cuja padroeira é Nossa Senhora da Conceição. “Na mesma ocasião foram entregues as Constituições escritas por d. Barreto, que doravante acompanhou cada passo de seu Instituto como verdadeiro Pai-Fundador: além de escrever as Constituições, designou Maria Villac como Madre Geral Fundadora vitalícia do Instituto, dando-lhe por nome religioso Madre Maria do Calvário.”
Dom Barreto deixou registrado em documento que o Instituto devia crescer e se formar no Espírito de Jesus Crucificado, tendo como principal padroeira Nossa Senhora das Dores, e São Miguel, São José, São João Evangelista, São Francisco de Sales, Santo Cura D’Ars, São Luiz de Gonzaga e Santa Terezinha do Menino Jesus, cada padroeiro, grande por sua significação na vida e fim do Instituto.
Assim foi a vida das primeiras missionárias, guiadas pelo Espírito Santo, tendo a proteção de Jesus Crucificado, de Nossa Senhora das Lágrimas, de santos e anjos; praticaram a caridade, a oração, a penitência e viveram em paz. Madre Maria Villac sempre foi o pilar que sustentou o Instituto. Uma santa que em tempo de crise aceitou ficar isolada em uma chácara, em Valinhos, onde orava e ofertava a Jesus Crucificado seu silêncio, suas orações.
Irmã Maria Villac, faleceu nessa chácara, no dia 1º de março de 1984. Seus funerais, ao som de hinos religiosos, foram realizados na Casa de Nossa Senhora, em Campinas, no dia seguinte. Estiveram presentes sacerdotes, religiosas, familiares e amigos. No caixão ela retomou as feições de jovem, serena, mostrava sua santidade.
Madre Maria Villac muito trabalhou pela Igreja no Brasil, em 1954, ela foi uma das fundadoras da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), e por vários anos, Conselheira Geral dessa entidade. Recebeu, “In Memoriam”, em 2004, o “Troféu de Prata 50 CRB 1954-2004 - Testemunho - Profecia - Esperança”. Também, atuou como Conselheira da União Internacional dos Superiores Gerais (UISG).
REFERÊNCIAS:
* Dom Francisco de Campos Barreto. In: Livro do Tombo Diocese de Campinas. ACMC.
* Família de Paulo José Villac e Maria Clarice Marinho Villac; escrito por irmã Sylvia Villac, MJC; 2005. APBVA.
* Tese de Rafael Capelato: Francisco de Campos Barreto: uma resenha biográfica Fontes e crítica historiográfica, Pontifícia Universitá Gregoriana, Roma, 2011.
* In: A Origem do Instituto das Missionárias de Jesus Crucificado. ACMC.

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